Como alguns aqui sabem curso Medicina. Como sou presidente da Liga de Ginecologia e Obstetrícia, frequento regularmente ambulatórios e plantões desta especialidade.
Como nos damos diretamente com sexualidade humana, cotidianamente experimentamos situações dramáticas, muitas vezes cômicas ou aterradoras, mas sempre extremamente marcantes. Semana passada no entanto me ocorreu uma que não poderia me furtar em compartilhar com os amigos foristas.
Estávamos no ambulatório de Ginecologia o Obstetrícia. Impressionou-me naquele dia a imensa quantidade de pacientes que haviam feito laqueadura (
http://pt.wikipedia.org/wiki/Laqueadura ), e agora em novo relacionamento, buscavam desesperadamente a reversão do procedimento, com baixo índice de sucesso.
Frusta-nos muito ver a expressão das pacientes quando mesmo após a cirurgia, a tentativa de reversão é frustrada. Uma das pacientes naquele dia até conseguiu sucesso na recomposição da tuba uterina esquerda, mas a histerossalpingofrafia ( http://www.unifesp.br/grupos/rhumana/hsg.htm ) denunciou que não houve permeabilidade tubária,e portanto essa paciente, já com 34 anos, condiderada gravidez de risco, têm poucas esperanças, e principalmente tempo, em recorrer a uma fertilização extra-corpórea, como recomendamos e encaminhamos.
Naquele dia em particular ficamos todos transtornados e estafados em queixas de pacientes que pretendiam tentar ou já tentaram reverter a laqueadura, tanto que os residentes de G.O. presentes têm tomado a postura ideológica de não procedê-lo em mulheres jovens, buscando de toda forma demovê-las da idéia. No mesmo dia, correu um boato entre nós em que há um deputado federal, não sei qual, que propõe esterilização em massa em mulheres a partir dos 18 anos, nas regiões norte e nordeste, como pretexto de combate à miséria, algo repugnante ao nosso ver.
Após esta estafante maratona de atendimentos, a grande maioria de mulheres jovens tentando desesperadamente reverter a laqueadura, um dos residentes
contou-nos uma história inesquecível, que ocorreu ano passado.
A jovem senhora X. dirigiu-se ao ambulatório de nossa faculdade alegando que não conseguia engravidar. No ambulatório, fizeram exame físico completo. Todos exames hormonais foram requeridos, dela e do marido. Também a histerossalpingografia estava absolutamente normal, e os espermatozóides do marido em excelente qualidade e em farta quantidade. Foram meses de uma bateria de exames e investigações clínicas exaustivas por toda equipe da G.O. do nossos dois hospitais.
Tratavam a paciente com um caso misterioso, pois não havia qualquer motivo para a impossibilidade de engravidar do casal.
Lá ia o caso deste casal como mais um dos grandes mistérios da Medicina. Então, um dos residentes de G.O., já profundamente frustrado, chamou a paciente em particular e sabatinou-a com perguntas mais diretas. E não é que a paciente relatou que só fazia SEXO ANAL ! Pasmem!
Ora, não que eu seja contra sexo anal. Como homem e bom brasileiro sou fã e praticante desta deliciosa perversão. Mas ora, vejam amigos foristas, o tamanho da ignorância deste casal. Eles se submeteram a uma bateria de exames, estavam perfeitamente normais e não tinham o grau de sapiência de saber que para engravidar é estritamente necessário o COITO VAGÍNICO! Este é o triste retrato de um casal de brasileiros. Não vou relatar a faculdade pra preservar a intimidade do casal, mas faço Medicina em tradicional instituição de ensino médico numa das regiões mais desenvolvidas do estado de São Paulo.
Depois de uma dessa, todos nós sem palavras na rodinha, eu só pude mesmo soltar a máxima: "Ah, então vamos recomendar às nossas pacientes sexo anal como método contraceptivo!" Risos, risos, risos e perplexidade!!! he, he, he, he...
Thor
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