O governo não pode continuar fazendo remendos administrativos para salvar o Brasil com o aumento dos pratos vazios na frente da agigantada fila dos famintos, ou adaptando o orçamento nacional devorado pelos juros dos banqueiros que fiam as linhas onde se tecem os crochês da política econômica. Se o governo permanecer nas trelas de um Brasil em que o empresariado já está viajando na marcha para o Oeste em busca da Amazônia, o presidente Lula cairá batido entre as tocaias do MST e da UDR no litígio das terras, sitiado pelo fogo cruzado do crime descendo os morros para as baixadas das cidades, renegado pelo ostracismo quando as fontes de produção se esvaírem na capacidade de gerar os impostos que alimentam as verbas insuficientes sequer para a conservação das rodovias ou simplesmente para os atendimentos do SUS.

O Brasil está maquiado pelo cinismo do Estatuto do Desarmamento dos cidadãos de bem; pelo farisaísmo do Instituto dos Direitos Humanos que acoita bandidos; pela demagogia dos Códigos do Assistencialismo que ensina a se viver contente com esmolas, quando a imensa maioria da sociedade está silenciosa nos que tiveram a família assassinada pelos bandidos armados em todas as ruas; nos que viram a sua razão ser relegada pelos direitos humanos de quem não é direito nem é humano; dos que vão às lágrimas por uma cesta básica porque não podem ir ao suor no trabalho.

O presidente Lula não deve continuar na falta de imaginação do governo deitado na cama dos problemas de um Brasil envelhecido nas metas e planos de obras em que os gastos não dão o retorno do novo. Lula precisa ter criatividade e dotar o governo da audácia dos estadistas, sem medo do convencionalismo burocrático instituído e com coragem de partir para começar a construir um novo Brasil na Amazônia.

O presidente Lula continuar investindo nas bases ruídas do velho Brasil é prosseguir reformando taperas de governos que não deram certo. O material para se fazer, com sobra, o novo Brasil está na Amazônia. Cada obra realizada nos centros concentrados pelos excedentes populacionais dá no mesmo que se dividir os cômodos para acomodar uma família que se aumentou numa casa grande, mas que ficou pequena para abrigá-la com boa qualidade de vida, principalmente onde a falta de emprego provoca a falta de renda, que significa falta de comida para todos. E o presidente Lula sabe que onde não há tijolo nas obras, não existe feijão nas panelas.

O caminho para Lula sair do governo e entrar para a História é descer de Brasília e pôr os pés na estrada da marcha para o Oeste na rota da Amazônia. Para dar essa arrancada épica, é necessário passar um susto nos políticos que se engordam nos cargos, mas com o impacto de um choque de idéias com força de acordar o povo da esperança perdida entre praças públicas e os gabinetes do Planalto. O povo viu Lula assumir o governo e quer vê-lo assumir o poder. Está passando da hora de ele se firmar como chefe de Estado imposto pelas urnas eleitorais contra a vontade de todos os grandes donos de votos no Brasil.

Eis o passo de Lula para construir o novo Brasil. Fazer uma redivisão territorial do País, de 26 para 40 Estados, criando na Amazônia Legal dez unidades da Federação. O Brasil possui uma área de 8.514.215,3 km2, sendo que 5.029.232 km2 estão na Amazônia Legal, o que significa 59% – mais da metade – do território brasileiro. Para os que consideram 40 Estados muito para o Brasil, convém esclarecê-los de que os Estados Unidos têm 9.372.640 km2 e estão divididos em 50 Estados. E para os que estão habituados com as nossas larguezas territoriais, não custa informá-los de que o Triângulo Mineiro é maior do que vários países europeus e que a Ilha do Bananal, pertencente à Bacia Amazônica, é cinco vezes maior do que Portugal.

A redivisão territorial é a grande saída para o Brasil vir a ser em nossos dias uma nação de primeiro mundo. O presidente Lula consegue a aprovação da reforma territorial no Congresso Nacional, deixando as nomeações dos primeiros governadores à escolha dos senadores e dos deputados federais. Ou, se Lula quiser chegar ao Legislativo com o referendo das praças públicas, poderá convocar um plebiscito nacional.

A estruturação dos Estados e a construção das capitais despertarão um clima de otimismo no povo brasileiro e um ciclo expansionista que motivará o empresariado paralisado pela falta de obras públicas em todo o País. A instalação das novas frentes de trabalho promoverá o levante das legiões desempregadas, a corrida dos investidores na busca de empreendimentos, o surgimento de novas atividades profissionais, a implantação de pólos industriais, a explosão de centros comerciais e a montagem de filiais das grandes empresas nacionais e até mesmo a atração e vinda de multinacionais. A construção de um novo Brasil na Amazônia será a chegada monumental do dia, adiado desde a era Vargas, do sonhado Eldorado, cujo clarão foi antevisto por Dom Bosco.

Os luminares da mediocridade e os possuídos pelo pessimismo reagirão que o governo não dispõe de recursos para bancar a construção desse novo Brasil. Os desbravadores que expandiram suas nações não o fizeram com dinheiro, mas com o material da própria terra e com o trabalho braçal dos pioneiros inebriados pelo ideal de estarem se construindo como um povo livre e independente.

O presidente Lula precisa testar nos atos do governo a rebeldia das palavras que deixou nas praças públicas durante a ditadura militar. Será a oportunidade para tirar a prova, por si mesmo, se é o líder com a desenvoltura do estadista capaz de envolver a todos com o seu carisma e cujo poder de convencimento demove os contrários no contato pessoal com ele. Deve agir com a firmeza de decisões dos verdadeiros condutores de povo. No mais, há uma nação inteira esperançosa e disposta a participar com a sua contribuição para ter um país melhor. O Poder Judiciário será fortalecido com novos desembargadores e juízes. O Poder Legislativo será valorizado nos novos deputados estaduais, nos novos vereadores e nas novas bancadas federais. O próprio Poder Executivo será engrandecido na escala federal e na estadual com a ampliação do Ministério Público. Mais escolas. Mais hospitais. Mais fábricas. Mais empregos. Mais oportunidades e riqueza. É certo que pingam na sociedade os incautos inocentes úteis, os mal informados, os mal-intencionados protestando contra o aumento dos dispêndios do erário com a máquina administrativa. Todavia, acabam se aliando, ou desacreditados diante do sucesso da realização, ou convencidos de que não eram gastos e, sim, investimentos com o novo Brasil que livrou o velho Brasil da ladroagem dos credores internacionais.

A movimentação para se implantar os novos Estados gerará em si mesma os recursos necessários, através do retorno devolvido pela valorização dos empreendimentos realizados. Não é só isto. Se forem calculados os montantes das sangrias feitas nas riquezas naturais que estão sendo roubadas atualmente do Brasil na Amazônia, a soma delas talvez repasse recursos para investimentos no Nordeste, no Norte, no Centro-Oeste e incentivos fiscais para assentamentos das populações excluídas de todo o Brasil.

A redivisão territorial do País é um imperativo do determinismo histórico no destino da Pátria. Acontecerá amanhã ou mais tardiamente. Mas acontecerá. Quando vai acontecer, não depende de dinheiro. Depende de vontade política. E esse dia raiará numa alvorada de progresso quando o presidente do Brasil tiver a coragem dos estadistas que destoam dos homens comuns e fazem o seu povo sonhar.

O povo brasileiro fez com a arma do voto popular a revolução das urnas e Luiz Inácio Lula da Silva assumiu o governo. Mas não conseguiu assumir ainda o poder. E terá de fazer a revolução de defesa da Amazônia para assumir a soberania de chefe supremo da Nação e passar para a História de pareia com Getúlio Vargas e Juscelino Kubitschek. Não lhe resta outra legenda no monumento dos imortalizados. Ou integra a Amazônia para os brasileiros, ou a entrega para os norte-americanos. Eles já estão ensinando, mesmo, nas suas escolas que a Amazônia é um território avançado dos Estados Unidos.
Batista Custódio

fonte: 2004 Exército Brasileiro

Ps: Sobre o ler tudo la em cima, eu tava mentindo. pq ngm aguenta.. mas se alguem leu por favor não me mate quando chegar aqui e ler isso.. todavia é bem interessante e se tiver interessado no assunto ( q acho ser de interesse de todos da nação ) da pra ler aos poucos, ou pelomenos uns pedaços!