Batman vs Superman – A origem da justiça (Crítica)

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Zack Snyder bebe das fontes certas, mas faz o filme errado.

O tão aguardado universo expandido da DC nos cinemas chega de forma primorosa. Batman vs Superman tinha a difícil tarefa de dar todo o tom dos filmes que se seguem, assim como criar expectativa pelo o que virá de forma coesa, embora o universo DC nos cinemas tenha sido iniciado de forma bem sucedida, o mesmo não se pode dizer da trama do longa.

A história ocorre em momentos diferentes a partir do Homem de Aço (2013), mostrando pontos de vista diferentes da batalha de Metrópolis, a revelação de Superman e seu impacto no mundo. Conhecemos então a história de origem de Bruce Wayne/Batman (Ben Affleck) que já está a 20 anos com o manto lutando contra bandidos e tentando tornar Gotham City em um lugar melhor.

O destino acaba por unir tanto Clark Kent (Henry Cavill) e Bruce Wayne em uma festa na mansão do milionário Alexander Luthor (Jesse Eisenberg) e descobrimos que não somente “Lex” é excêntrico, como também que está rastreando diversos meta humanos pelo mundo inteiro.

Após uma trama de manipulações e jogos pessoais, Superman e Batman deverão se enfrentar, mas este não é o maior problema dos heróis, que para combater uma nova força poderosa de destruição irão contar com a ajuda de Diana Prince/Mulher Maravilha (Gal Gadot) para proteger o mundo da terrível ameaça.

Dita a sinopse, podemos entrar em detalhes do filme.

Lembrando que esta resenha é a versão com spoilers do filme, portanto, se você ainda não o assistiu, sugiro que confira nossa resenha sem spoilers, para poder aproveitar de nossa análise sem saber nada crucial para a trama.

Para começar, vamos elogiar a escolha de Affleck como Batman, que assim como seu alter-ego Bruce, mostra excelente atuação, como Wayne ele demonstra garbo, elegância, charme e tudo o mais que o playboy aparenta para o público. Como o homem-morcego, grande parte da intimidação do personagem vem do tamanho dele, sério, ele está gigante, no melhor estilo Stallone e isso é um ponto positivo pois pela primeira vez no cinema temos um Batman bem adaptado, desde sua personalidade ao seu uniforme.

As atuações tanto de Cavill quanto de Amy Adams como Lois Lane são boas, mas Amy por várias vezes deixa a desejar com expressões dignas de Kirsten Stewart, ou seja, de nada.

Mas quem rouba a atenção é Jesse Eisenberg como Lex Luthor, mas não de uma forma boa.

O histórico do personagem tanto no cinema, quanto nos quadrinhos, desenhos animados, seriados e etc, o retratam como um personagem excêntrico, porém, genial. Além de saber aproveitar-se das pessoas e ser um mestre da manipulação. No filme, Eisenberg retrata Luthor como um completo lunático com muito dinheiro e inveja de Superman, lembrando bastante Jamie Foxx como Elektro em O incrível Homem Aranha 2. Mas iremos falar mais do sr. Luthor mais para a frente.

Desde o começo do filme fica claro o motivo pelo qual Batman considera Superman uma ameaça e o porquê dele desejar por um fim no alienígena que matou milhares e foi a causa do massacre de Metrópolis, já por outro lado, o homem de aço não tem absolutamente em nenhum momento do filme uma motivação clara para ir contra o homem morcego, é estabelecido que meta-humanos existem e muitos utilizam seus poderes para salvar outras pessoas e impedir crimes, mas apenas após 2 anos, após uma rápida olhada num jornal, Superman decide que os métodos de Batman não são bons e decide que deve pará-lo de toda forma.

Enquanto a persona do homem-morcego é bem construída, apenas um deslize feio é cometido. Batman mata, e muito. Não digo deixar bandidos se matarem com suas próprias bombas, ou não os impedir de cair em precipícios. Muito menos é algo único, como o Batman de Batman Begins que deixa Ra’s al ghul morrer.

Batman mata em praticamente todas as vezes que entra em combate. Seja atirando em inimigos com as armas de outros bandidos, seja utilizando uma metralhadora no batmóvel, ou até mesmo jogando um carro em cima do outro (um de ponta-cabeça) com pessoas dentro. Uma das razões mais poderosas do Batman ser um dos 3 maiores heróis da DC, é que ele, assim como Superman, não mata seus inimigos, coisa que aqui realmente se existe, não se percebe.

Já a zebra do time, Gal Gadot, convence e muito bem como Mulher Maravilha. Ela utiliza no filme espada, escudo, braceletes e seu laço da verdade e tudo funciona muito bem, e assim como Affleck, ela atua muito bem não somente como a heroína, mas também como Diana Prince.

As cenas de ação em geral são bem feitas, divertidas de se assistir e empolgantes, especialmente as do Batman, que de tão bem feitas parecem tiradas diretamente dos games da série “Arkham”, a única exceção fica a luta final com Doomsday ou Apocalipse. Aí a genialidade que Snyder mostrou em lutas com equipe no filme 300 desaparece e mais se torna um tipo de “atividade paranormal”. A câmera fica tremida a maior parte do tempo e pouco se entende da ação ou se percebe que estão lutando os 3 contra o vilão (Batman, Mulher Maravilha e Superman).

Outro problema é a montagem do filme. Se Vingadores – A era de Ultron ficou confuso pelo corte final que foi ao cinema, Batman vs Superman consegue igualar, senão ser mais perdido em sua montagem na primeira metade do filme, nos fazendo engolir em algumas cenas 2 anos de como Metrópolis saiu de seu cenário de destruição para uma cidade reformulada e todas as consequências da luta de Superman e Zod.

Enquanto a segunda parte do filme tem um problema grave chamado Lois Lane.

Se no Homem de Aço, era irritante ver que em todas as situações possíveis e impossíveis a repórter estava, nessa ela se superou. Não havia praticamente nenhuma situação em que a personagem não estava presente, era como a sobrinha de Jackie Chan no desenho As aventuras de Jackie Chan, onde você olhava, ela estava.

Isso tira o ritmo da segunda parte do filme, e até mesmo com grande suspensão de crença é difícil compreender (ou engolir) a importância da personagem na luta entre os 3 heróis e o vilão.

A criação de Apocalipse, um dos, senão o maior inimigo do homem de aço, é um tanto quanto inesperada, causando o que deveria ser o maior choque do filme que é a morte de Superman.

Sim, o homem de aço morre em ação, se sacrifica para eliminar Apocalipse.

Mas tudo isso, a criação de Apocalipse, a morte do Superman, tudo é feito de forma fraca e sem impacto, afinal tivemos somente um filme do herói para nos apegar a ele, mais pareceu que algum produtor da Warner insistiu que fosse feito o arco da morte do Superman nos cinemas do que algo planejado desde o começo da produção do filme.

Mas nem tudo são pedras…

O filme acerta nos cameos de todos os heróis do vindouro universo DC nos cinemas. Vemos Aquaman, e já podemos perceber que ele será um dos pontos mais fortes do DCCU, Cyborg e Flash em duas passagens, uma delas fazendo link com possivelmente os vindouros filmes da Liga da Justiça.

O visual que será adotado pelo DC Cinematic Universe é bem diferente do que estamos acostumados, mais dark e usando cores frias, mas funciona a sua maneira. Sem falar que existe a probabilidade de termos a introdução do conceito do multiverso e temos a confirmação de que ameaças espaciais irão chegar em breve a terra.

Em resumo, Batman vs Superman não é um filme ruim, tem seus momentos bons, mas não é bom o suficiente para corresponder ao hype que os fãboys criaram em cima da película, ele bebe de fontes clássicas e temos elementos muito fortes dos quadrinhos, mas falha em juntar tudo isso de forma compreensível, mais parecendo que a Warner quer apressar e mostrar ao mundo que também tem um universo dos quadrinhos nas mãos.

Obs. Mesmo já estando acostumado com o ritmo do filme, Batman muda de idéia muito rápido sobre Superman

Obs 2. Percebi somente nesse filme uma das maiores coincidências do universo DC, as mães de Batman e Superman (a mãe terráquia) tem o mesmo nome, Martha.

Obs 3. Após assistir esse filme estou desanimado com o que pode ser o universo DC no cinema e não sei se vou acompanhar com tanta vontade os filmes que virão, e tenho medo do que pode ser do filme da Liga da Justiça.

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