Mephistopheles
08-08-2003, 16:05:58
"Conversa do capeta com Roberto Marinho
Esta conversa foi ouvida por um discípulo do capeta que pediu para não ser identificado.
Vamos chamá-lo de Jô Soares por motivos de segurança.
- Marinho, que surpresa vê-lo aqui tão cedo! – diz o diabo.
- É uma longa história amigo. Tudo isso começou no regime – diz Marinho se sentando logo em uma cadeira.
- Regime? – indaga o diabo.
- O senhor sempre me pareceu um tanto fora do peso para ser adepto de regime – ironiza o diabo.
- Regime militar colega...
- A minha promessa é que faria a publicidade necessária para a manutenção da imagem sempre saudável do governo e eles me deram aquele canal – lembra Marinho.
- Pensa que não me lembro. Eu estava presente no acordo – lembra o diabo.
- O acordo foi bom. Eles logo vieram para cá e eu fui ganhando autonomia lá em cima. – ressalta Marinho.
- Nossos programas sempre cumpriram seu papel de programar as pessoas. Todos ficavam surpresos com nosso improviso decorado, pergunte ao Ibope – diz Marinho.
- Entendo – fala o diabo. Só não consigo saber ainda, o que você está fazendo aqui se ainda não mandei buscá-lo – pergunta o diabo.
- Por favor, me chame de Doutor Marinho – corrige o falecido.
- Deixe a fila andar. Diga logo o que trouxe o doutor até meu flamejante reino – completa o diabo.
- Publicidade senhor diabo, publicidade...
- Conseguiu enfim conquistá-la? E seu casamento com a Ganância? – questiona o capeta.
- Ah amigo diabo, a Ganância só queria saber de andar com meus filhos, não sinto mais prazer com ela, as coisas andavam ruins entre nós, não tinha mais energia para acompanhá-la. Eu queria era a Publicidade – responde Marinho.
- Mas ela é meio instável. – ressalta o diabo. O doutor não conseguiria dominá-la com essa idade toda.
- Não até que o Santos me deu uma boa idéia, diz Marinho.
- Ah, o Silvio – suspira o diabo.
- Pois é, estava eu em minha casa lá no primeiro mundo, quando vi um movimento estranho em sua residência.
.
- Era a Publicidade? – interrompe o capeta já intrigado.
- Exatamente – responde Marinho.
- Pela fresta da janela pude ver que ele estava recebendo um repórter careca; que anotava freneticamente todas as suas palavras e a Publicidade estava na sala. Tenho certeza que a vi – diz Marinho.
- Veio do Brasil no dia seguinte, um exemplar da Revista Contigo! enviada por uma grande amiga que escreve sobre minhas novelas. Na capa estava escrito que Silvio Santos ia morrer – diz Marinho.
- E aí...? salta do assento o já curioso diabo.
- A concorrência havia conquistado a Publicidade – lamenta-se Marinho.
- Mas eu provei a todos que tenho palavra – diz Marinho.
- É, o doutor conseguiu pegar a Publicidade. Seu garanhão – completa o diabo.
- A Publicidade gosta de crianças, não fique preocupado com os que tiverem daqui pra frente.
- Meus concorrentes andavam com a Paciência sempre renovada e eu com a velha Ganância – critica Marinho.
- Também resolvi chegar mais cedo para comemorar o Dia dos Pais contigo – completa o falecido.
- Será que vou virar filme ou capas de best-sellers? – pergunta.
- Poderão no máximo fazer um viaduto com seu nome ou virar placa de rua – responde o diabo.
- Ah, isso é pouco. Quero virar nome de instituto. Ter meu nome gravado naquela placa de bronze no prédio que será construído para o próximo Criança Esperança.
- Quer também um minuto de silêncio cada vez que uma televisão for ligada no País ou um feriado seu no meio da semana? – questiona o diabo.
- Não sei, o que o senhor acha? – pergunta Marinho, já interessado.
- Acho que não vou demorar para lhe ressuscitar – anima-se o diabo.
- Quero que saiba antes que recebemos os novatos de uma forma bastante especial. É um hábito secular e não pretendo mudá-lo, não gosto de coisas diferentes – interrompe o diabo já cansado da conversa.
- Entendo. Eu também não gosto de mudar as coisas – responde Marinho.
- Vamos, pegue aquele sabonete ali. – ordena o diabo.
- Sim, claro – responde Marinho já pronto para sua primeira prova de fogo.
- Doeu? – pergunta o Diabo após longos minutos.
- Não – responde Marinho quebrando o silêncio com os olhos já vermelhos.
- Estávamos fazendo isso com as outras pessoas lá em cima – completa Marinho.
- Pensa que isso é uma forma de prazer? – o diabo já olha intrigado a face serena do falecido.
- Vamos logo ao segundo teste – interrompe Marinho.
- Só quero lhe perguntar uma coisa – diz o capeta.
- E quando Silvio Santos vier pra cá? Como será concorrer aqui embaixo? – pergunta o diabo.
- Nós vamos fazer um marketing como o "Junta Brasil da Nestlé" para derrubar você – responde Marinho rindo.
- Dumping? – pergunta o diabo.
- Ganância – responde Marinho.
- Não consigo ficar longe dela – completa chorando.
- Você se apegou à Publicidade, agora seu lugar é aqui. Esqueça a Ganância lá em cima – grita o diabo.
- Com a Publicidade eu atingi o clímax - concorda Marinho.
- Foi bom pra você? – pergunta o capeta.
- Não sei. Deixe o Willian Bonner dizer. "
-- Arquivo tirado do CMI (Centro de Mídia Independente) --
Esta conversa foi ouvida por um discípulo do capeta que pediu para não ser identificado.
Vamos chamá-lo de Jô Soares por motivos de segurança.
- Marinho, que surpresa vê-lo aqui tão cedo! – diz o diabo.
- É uma longa história amigo. Tudo isso começou no regime – diz Marinho se sentando logo em uma cadeira.
- Regime? – indaga o diabo.
- O senhor sempre me pareceu um tanto fora do peso para ser adepto de regime – ironiza o diabo.
- Regime militar colega...
- A minha promessa é que faria a publicidade necessária para a manutenção da imagem sempre saudável do governo e eles me deram aquele canal – lembra Marinho.
- Pensa que não me lembro. Eu estava presente no acordo – lembra o diabo.
- O acordo foi bom. Eles logo vieram para cá e eu fui ganhando autonomia lá em cima. – ressalta Marinho.
- Nossos programas sempre cumpriram seu papel de programar as pessoas. Todos ficavam surpresos com nosso improviso decorado, pergunte ao Ibope – diz Marinho.
- Entendo – fala o diabo. Só não consigo saber ainda, o que você está fazendo aqui se ainda não mandei buscá-lo – pergunta o diabo.
- Por favor, me chame de Doutor Marinho – corrige o falecido.
- Deixe a fila andar. Diga logo o que trouxe o doutor até meu flamejante reino – completa o diabo.
- Publicidade senhor diabo, publicidade...
- Conseguiu enfim conquistá-la? E seu casamento com a Ganância? – questiona o capeta.
- Ah amigo diabo, a Ganância só queria saber de andar com meus filhos, não sinto mais prazer com ela, as coisas andavam ruins entre nós, não tinha mais energia para acompanhá-la. Eu queria era a Publicidade – responde Marinho.
- Mas ela é meio instável. – ressalta o diabo. O doutor não conseguiria dominá-la com essa idade toda.
- Não até que o Santos me deu uma boa idéia, diz Marinho.
- Ah, o Silvio – suspira o diabo.
- Pois é, estava eu em minha casa lá no primeiro mundo, quando vi um movimento estranho em sua residência.
.
- Era a Publicidade? – interrompe o capeta já intrigado.
- Exatamente – responde Marinho.
- Pela fresta da janela pude ver que ele estava recebendo um repórter careca; que anotava freneticamente todas as suas palavras e a Publicidade estava na sala. Tenho certeza que a vi – diz Marinho.
- Veio do Brasil no dia seguinte, um exemplar da Revista Contigo! enviada por uma grande amiga que escreve sobre minhas novelas. Na capa estava escrito que Silvio Santos ia morrer – diz Marinho.
- E aí...? salta do assento o já curioso diabo.
- A concorrência havia conquistado a Publicidade – lamenta-se Marinho.
- Mas eu provei a todos que tenho palavra – diz Marinho.
- É, o doutor conseguiu pegar a Publicidade. Seu garanhão – completa o diabo.
- A Publicidade gosta de crianças, não fique preocupado com os que tiverem daqui pra frente.
- Meus concorrentes andavam com a Paciência sempre renovada e eu com a velha Ganância – critica Marinho.
- Também resolvi chegar mais cedo para comemorar o Dia dos Pais contigo – completa o falecido.
- Será que vou virar filme ou capas de best-sellers? – pergunta.
- Poderão no máximo fazer um viaduto com seu nome ou virar placa de rua – responde o diabo.
- Ah, isso é pouco. Quero virar nome de instituto. Ter meu nome gravado naquela placa de bronze no prédio que será construído para o próximo Criança Esperança.
- Quer também um minuto de silêncio cada vez que uma televisão for ligada no País ou um feriado seu no meio da semana? – questiona o diabo.
- Não sei, o que o senhor acha? – pergunta Marinho, já interessado.
- Acho que não vou demorar para lhe ressuscitar – anima-se o diabo.
- Quero que saiba antes que recebemos os novatos de uma forma bastante especial. É um hábito secular e não pretendo mudá-lo, não gosto de coisas diferentes – interrompe o diabo já cansado da conversa.
- Entendo. Eu também não gosto de mudar as coisas – responde Marinho.
- Vamos, pegue aquele sabonete ali. – ordena o diabo.
- Sim, claro – responde Marinho já pronto para sua primeira prova de fogo.
- Doeu? – pergunta o Diabo após longos minutos.
- Não – responde Marinho quebrando o silêncio com os olhos já vermelhos.
- Estávamos fazendo isso com as outras pessoas lá em cima – completa Marinho.
- Pensa que isso é uma forma de prazer? – o diabo já olha intrigado a face serena do falecido.
- Vamos logo ao segundo teste – interrompe Marinho.
- Só quero lhe perguntar uma coisa – diz o capeta.
- E quando Silvio Santos vier pra cá? Como será concorrer aqui embaixo? – pergunta o diabo.
- Nós vamos fazer um marketing como o "Junta Brasil da Nestlé" para derrubar você – responde Marinho rindo.
- Dumping? – pergunta o diabo.
- Ganância – responde Marinho.
- Não consigo ficar longe dela – completa chorando.
- Você se apegou à Publicidade, agora seu lugar é aqui. Esqueça a Ganância lá em cima – grita o diabo.
- Com a Publicidade eu atingi o clímax - concorda Marinho.
- Foi bom pra você? – pergunta o capeta.
- Não sei. Deixe o Willian Bonner dizer. "
-- Arquivo tirado do CMI (Centro de Mídia Independente) --