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Percebe
12-05-2005, 15:48:06
ARMADILHA DIGITAL
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OBS: A MATÉRIA DA SUPER-INTERESSANTE FOI PUBLICADA EM OUTUBRO DO ANO 2000

Os benefícios da Internet todo mundo já conhece. Mas cuidado: novos estudos mostram que a Web pode viciar tanto quanto uma droga

O carioca Bruno Parodi é um rapaz de sucesso. Aos 23 anos, ele é um dos donos da Tessera, empresa de Internet que, segundo diz, vai muito bem, obrigado, apesar das tempestades que assolam a economia pontocom. Fundada em 1995, quando Bruno tinha apenas 18 anos, a Tessera desenvolve projetos virtuais para terceiros e mantém na rede produtos próprios, como o Indicão, um site de entretenimento personalizado, que, em apenas dois meses de vida, capturou 10.000 usuários registrados e já computou 2 milhões de páginas vistas.

Apesar disso, a habilidade empreendedora não é o detalhe que mais se destaca no perfil desse jovem empresário. Incrível mesmo é a sua capacidade de se manter plugado na Internet por horas a fio, numa demonstração de resistência muito além do limite de pessoas comuns.

"São 12 horas de conexão por dia", diz Bruno. "Tenho mais de 10 contas de e-mail. Recebo, em média, 400 mensagens diariamente e, tirando os spams (aquelas irritantes propagandas não solicitadas que costumam invadir nossos micros), respondo a todas." É mole? Pois tem mais. Com toda essa montanha de correspondência desabando em sua tela, o rapaz ainda encontra tempo para navegar por dezenas de sites de informação, bater papo online com 700 pessoas cadastradas em seu canal de ICQ - de figuras anônimas a celebridades como o craque Ronaldinho - e, de quebra, costuma publicar na rede artigos sobre marketing e comunicação, sua especialidade profissional. "Conheço muita gente importante do mercado sem nunca ter visto pessoalmente. Até meu sócio na empresa eu encontrei na Internet", revela.

Bruno é um gênio? Um fenômeno da sociedade tecnológica? Ele próprio acha que não. "Considero-me um viciado em internet, um webaholic". Como os profissionais obsessivos por trabalho, os workaholics, o jovem carioca traça sua auto-imagem com bom humor e com uma ponta de vaidade. Mas a verdade é que comportamentos como o de Bruno começam a ser vistos como sinal de uma nova doença: a compulsão pela vida digital. As infinitas facilidades proporcionadas pela Internet, como fonte de informações e serviços ou como meio de comunicação entre as pessoas, têm levado muita gente a perder o controle do tempo quando estão plugadas. Quando isso acontece, o resultado é sempre uma sucessão de prejuízos que vão do desequilíbrio nas relações afetivas até a perda do emprego.

Chega a ser paradoxal que uma inovação tecnológica que está revolucionando os negócios, ampliando o provimento de informações e colocando em contato pessoas dos quatro cantos do planeta possa ser associada a uma patologia. No entanto, estudos realizados nos últimos quatro anos, especialmente nos Estados Unidos - berço da Internet e país onde existem, hoje, 146 milhões de internautas -, evidenciam que atuar na rede mundial de computadores tem lá os seus perigos.

No primeiro semestre do ano 2000, por exemplo, uma pesquisa da Universidade Stanford com 35.000 usuários de Internet em cidades americanas atestou que o uso abusivo da rede está criando uma nova categoria de pessoas solitárias, que se refugiam nos computadores e já não se interessam pelas obrigações e prazeres do mundo real. O dado não é exatamente uma novidade. Afinal, dois anos antes, outro estudo, patrocinado pela organização HomeNet em Pittsburgh, na Pensilvânia, havia identificado uma significativa tendência à depressão entre usuários intensivos da internet. O curioso é que, dessa vez, a divulgação dos resultados chocou de tal modo os americanos que um dos coordenadores da pesquisa, Norman Nie, não conteve um desabafo: "Eu sabia que o assunto é sério", disse. "Mas não esperava que fosse tão explosivo".

Estima-se que pelo menos 200.000 americanos perderam o controle sobre o uso da Internet e hoje sofrem de um mal catalogado pela Associação Americana de Psicologia como PIU (Pathological Internet Use), ou Uso Doentio da Internet, cujo sintoma básico é o uso preferencial e, muitas vezes, exclusivo da Internet sobre todas as outras atividades do cotidiano. Suas vítimas se tornam incapazes de controlar o número de horas que permanecem ligadas na rede, numa onda compulsiva que acaba isolando-as de familiares e amigos e comprometendo seu desempenho profissional.

É uma obsessão como o vício em jogo, dizem os especialistas, mas cujos efeitos se assemelham aos da dependência de drogas químicas. Um viciado em internet costuma ficar triste ou ansioso quando não está conectado. Ele também desenvolve o fenômeno da tolerância - isto é, passa a ter necessidade de permanecer conectado por períodos cada vez mais longos para alcançar o mesmo nível de satisfação. A síndrome de abstinência, provocada pela cessação do uso da rede, pode incluir até distúrbios psicomotores, entre os quais o movimento incontrolável dos dedos, como se o internauta continuasse teclando mensagens sem fim num computador imaginário.

É provável que, enquanto lê esta reportagem, você já tenha se perguntado: não seria esse um risco a que estão expostos apenas os nerds, aqueles fanáticos por computador? Afinal, são eles e não os usuários comuns, como eu e você, que dão plantão permanente na frente de um monitor. Também pensávamos assim até conversarmos com Kimberly Young, doutora em Psicologia e autora do mais completo estudo já realizado sobre dependência de Internet nos Estados Unidos. "Qualquer pessoa que possui um computador e um modem pode tornar-se um cyber-dependente", diz Kimberly. Inclusive você.

A propósito, a pesquisa feita por essa americana constatou que a dependência é maior entre pessoas que navegavam na Web há pouco mais de seis meses. No Brasil, onde, segundo o Ibope, existem 5 milhões de internautas (alguns institutos, como o Media Metrix, calculam que eles já passam de 8,5 milhões) e estima-se que mais 2,5 milhões chegarão à rede nos próximos três anos, não há ainda estatísticas sobre o problema. Mas os casos de dependência digital começam a sair do anonimato.

Se você ficou impressionado com a rotina de Bruno Parodi, é bom ficar sabendo: ele ainda está longe de ser um caso grave de cyber-dependência. Bruno passa metade do dia surfando na web, mas boa parte de suas atividades online dizem respeito aos seus negócios que, aparentemente, até agora não foram prejudicados. E é justamente aí que está a linha divisória entre a normalidade e a dependência na Internet, segundo os pesquisadores americanos. Apesar de os estudos indicarem que a maioria dos webaholics fica plugada na rede, em média, 38 horas por semana, o que mais importa, na definição do quadro clínico, é o impacto do uso da Internet na vida de cada usuário e não o tempo de conexão.

Veja o caso de Rafael Fijalkowski, um gaúcho de 23 anos, estudante de Radiologia em Porto Alegre, RS. No início de 1999, ele entrou pela primeira vez numa sala de bate-papo na Internet e sua vida nunca mais foi a mesma. Piorou muito, ressalte-se. Fascinado pelas conversas online e pelo namoro virtual, Rafael deixou de lado festas, amigos e até a família. "Perdi um semestre na faculdade porque já não conseguia estudar". Exceto por um único final de semana, Rafael costuma ficar bem menos que 12 horas por dia plugado, mas os efeitos da obsessão digital em sua vida são mais nocivos que na do carioca Bruno. Por que isso acontece?

Depois de estudar o comportamento de jovens internautas como Rafael, um outro pesquisador, o doutor em Psicologia John Suler, da Universidade Rider, em Lawrenceville, Nova Jérsei, Estados Unidos, concluiu que a Internet funciona como uma extensão do mundo psíquico do indivíduo, um lugar onde a comunicação escrita (as limitações técnicas ainda não permitem a generalização das videoconferências nos chats) estimula os processos psicológicos de projeção e transferência.

No anonimato das conversas online qualquer pessoa é capaz de não apenas expressar seus desejos e fantasias com uma liberdade que jamais teria no mundo real, como também de projetar com mais intensidade no outro suas aspirações, ansiedades e receios. O garoto tímido se transforma no galã bem apessoado e falante. A mulher feia ganha contornos de diva. O teclado aceita tudo e o medo de rejeição praticamente desaparece, em razão da possibilidade de sair de cena a qualquer momento, sem deixar rastro sobre a própria identidade. A Internet, assim, proporciona uma gratificação imediata, uma experiência prazerosa que, no entanto, pode reforçar determinados comportamentos e necessidades não supridas pelo mundo real.

A dependência digital é também um problema para as empresas. Quase 70% do tráfego em sites eróticos ocorre durante o horário comercial e é protagonizado por profissionais que utilizam computadores das companhias para burlar o trabalho e dar vazão às fantasias. Incomodadas com a queda da produtividade, elas começam a reagir. Em 1999, a Xerox Corporation, nos Estados Unidos, demitiu, em um único dia, 40 funcionários, que acessaram páginas pornográficas em horário de serviço. Em Julho, foi a vez de a Dow Chemical mandar para o olho da rua 50 funcionários e suspender outros 200 por uso do e-mail da companhia para correspondências obscenas. A preocupação se estende, inclusive, aos teletrabalhadores, os profissionais que, mesmo vinculados a uma empresa, trabalham em casa, através da Internet.

Em tese, quem acessa a Internet no trabalho tem menos chances de se tornar dependente, segundo o psiquiatra Dartiu Xavier da Silveira, coordernador do Proad, o programa de assistência a dependentes de drogas da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP). É que, nesse caso, o uso se dá por necessidade, não por fuga. A exceção são os trabalhadores que, muitas vezes, acabam desenvolvendo uma atitude obsessiva, perdendo a noção do tempo diante do computador doméstico.

Mesmo avalizados por universidades de prestígio, os estudos sobre dependência digital ainda constituem um tema polêmico, contra o qual se insurgem alguns acadêmicos. Eles questionam, por exemplo, os critérios das pesquisas e estranham que cientistas se assustem com a absorção de rotinas do cotidiano pela Internet, quando o desenvolvimento da tecnologia de teleimersão em breve deverá tornar corriqueiras a prática de esportes, a troca de carícias e a percepção de odores em ambientes de realidade virtual. Para cientistas como Jaron Lanier, criador da expressão realidade virtual e um dos pais do programa Internet 2, a rede de altíssima velocidade, difícil é imaginar o que estará fora do mundo virtual daqui a 20 anos. No Brasil, a contracorrente é liderada pela doutora em Psicologia Ana Maria Nicolaci-da-Costa, da Pontifícia Universidade Católica (PUC) do Rio de Janeiro. Seu raciocínio: ninguém considera viciada uma pessoa que passa quatro horas por dia diante da televisão, mas se está querendo aplicar o rótulo a quem acessa a Internet apenas dez horas por semana. Para a psiquiatra paulista Denise Razzouk, não há como uma pessoa equilibrada viciar-se em Internet ou em qualquer coisa.

Chame-se a isso vício, uso patológico ou mania, a verdade é que muita gente não tem conseguido conviver de forma saudável com uma novidade que está mudando radicalmente o mundo e o estilo de vida das pessoas. E, neste caso, a solução é impor limites que assegurem o retorno ao equilíbrio, seja por meio de uma boa dose de autodisciplina, seja com ajuda de terapia psicológica. Em muitos casos, o tratamento do webaholic inclui a administração de calmantes e antidepressivos. Qualquer que seja a alternativa, porém, o xis da questão é sempre o reconhecimento, pelo dependente, de que algo anda errado em sua relação com os bits. "Não é fácil", diz a psicóloga Rosa Maria Farah, do Núcleo de Pesquisa de Psicologia em Informática da PUC, em São Paulo. "A resistência do dependente é muito grande e são sempre os familiares e amigos que tomam a iniciativa de buscar ajuda".

Lembra de Rafael, o gaúcho? Não são poucas as vezes em que ele pensou em fazer um tratamento, mas na hora H... "A gente sempre arruma uma desculpa para não procurar ajuda" , diz. Talvez, nenhuma trilha para a cura leve tão rápido a resultados quanto a encontrada pelo webdesigner paulistano Eduardo Salgado, cuja vida andava enroscada na rede. Ele já havia perdido os amigos, que não aguentavam mais aquele interminável "minutinho" para terminar algo na Internet, quando se viu forçado a vender o micro. "No começo foi duro, fiquei desesperado", afirma. "Mas depois descobri o que estava perdendo. Havia vida fora da tela".
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EU TENHO A CURA!
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Especialista americana promete libertar dependentes da Internet com terapia virtual
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Webaholics de todo o mundo, Kimberly Young está na rede. Doutora em Psicologia, Kimberly é especialista em identificar náufragos no oceano de bits e promete trazê-los de volta à terra firme em, no máximo, 18 sessões de terapia. A operação resgate não poderia ser mais cômoda, pelo menos para quem não consegue desligar o modem: tudo é feito através da própria Internet. O interessado só precisa acessar o site www.netaddiction.com e estar disposto a desembolsar 25 ou 89 dólares por consulta, conforme a opção por e-mail ou conversa online de 50 minutos.

Kimberly descobriu a face escura do mundo virtual numa madrugada de 1994. O telefone tocou e, na outra ponta da linha, sua irmã Marsha desabafou. Estava decidida a divorciar-se porque o marido, um internauta que já naquela época teclava até a madrugada, a havia trocado pelo computador. Três anos mais tarde, após pesquisar 500 usuários pesados da Internet, Kimberly publicou "Caught in the Net" (algo como "Enroscado na Rede"), livro que acabou virando uma espécie de bíblia para estudiosos do problema e, principalmente, suas vítimas. A obra, já traduzida para o alemão, o italiano e o dinamarquês, contém afirmações peremptórias e, às vezes, polêmicas.

Há quem discorde do método de pesquisa da psicóloga - os dados foram levantados principalmente por meio da Internet - e de suas conclusões, tidas como alarmistas pelos críticos. Apesar disso, Kimberly é reconhecida como autoridade no assunto e presta seus serviços a empresas e entidades governamentais como a Motorola, a CIA e o Departamento de Saúde do Estado de Nova York. Seu estilo afirmativo está presente nesta entrevista à SUPER:

Percebe
12-05-2005, 15:49:10
A Internet pode ser uma ameaça à saúde?
Sim. Entre 5 e 10% dos usuários da rede se enquadram na categoria dos dependentes, à semelhança dos viciados em álcool. Mas felizmente a maioria dos usuários consegue integrar a Internet às suas vidas de forma positiva.

Que áreas e atrativos da Internet são potencialmente mais perigosos nesse sentido?
Aquelas que são mais interativas, como as salas de bate-papo e sexo online e os sites múltiplos onde há jogos e outras aplicações interativas.

Profissionais que usam intensivamente a Internet no trabalho estão mais propensos a desenvolver dependência?
Qualquer pessoa com um computador e um modem é um candidato em potencial ao problema.

Espere aí. Então, uma pessoa normal, sem qualquer transtorno psicológico prévio, pode se tornar dependente digital?
Claro! Os estudos feitos até agora mostram que 50% dos webaholics têm histórico de distúrbios psiquiátricos, mas a outra metade era psicologicamente sadia. Muitas vezes o comportamento patológico manifesta-se sob a forma de um romance virtual ou na prática de sexo online. O acesso fácil, a sensação de poder e disponibilidade e, sobretudo, o anonimato proporcionados pela Internet são um estímulo a essa situação.

Na sua pesquisa em Pittsburgh, constatou-se que havia mais mulheres de meia-idade do que homens entre os dependentes de Internet. As mulheres seriam mais vulneráveis aos atrativos da rede?
Sim. Num grupo de 396 dependentes, 239 eram mulheres maduras. Os homens costumam exercer um certo controle sobre suas emoções e fantasias. As mulheres, não.

A senhora se propõe a tratar de pessoas viciadas em Internet através da Internet. Isso não é contraditório?
Não. Ao contrário das dependências físicas, como o alcoolismo, o processo de cura da dependência digital não exige abstinência. De qualquer modo, em nosso Center for On-Line Addiction oferecemos também o tratamento tradicional, em consultório.

De quanto tempo um webaholic precisa para se livrar da dependência?
Dependendo da situação do paciente, o tratamento dura de três a 18 sessões.

ORGASMOS VIRTUAIS
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O que leva alguém a trocar um amante de carne e osso por imagens frias em uma tela?
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A dependência digital assume caráter explosivo quando reage com a compulsão sexual, um problema antigo que afeta cerca de 3% da população, segundo estimativas citadas na obra "Obsessive - Compulsive Disorders", de Eric Holander. Para alguém que só pensa naquilo, mas, por timidez, não consegue expressar suas intenções no mundo real, a Internet representa a queda de todas as barreiras à manifestação de fantasias e desejos. Claro, o ato sexual nunca se completa na rede. Mas e daí? Na maioria, quem se reúne com esse objetivo quer exatamente isso: sexo sem contato físico. Trata-se, quase sempre, de pessoas tímidas, que têm dificuldade de estabelecer relacionamentos face a face e até preferem evitá-los, temendo enfrentar decepções. Algumas são portadoras de desvios ou disfunções sexuais e buscam se proteger contra preconceitos e discriminações no ambiente liberal e anônimo da Internet. Estão lá também os cônjuges infelizes no casamento e uma gama de homens e mulheres saídos de relacionamentos traumáticos.

Não é pouca gente. Uma pesquisa recente da Sociedade Brasileira de Estudos em Sexualidade Humana constatou que 16% dos internautas do país passam, em média, 14 horas semanais circulando pela rede à procura de sexo. Nos Estados Unidos, onde os sites eróticos já são um negócio de 1 bilhão de dólares anuais, o tempo dedicado ao prazer virtual é quase o dobro. Realizada com 834 usuários da Internet, a pesquisa brasileira mostrou que 65% deles frequentam salas de bate-papo e, entre esses, 63% praticam sexo online, masturbando-se enquanto trocam frases eróticas. Os homens, incluindo aí os homossexuais, formam 80% desse contingente. Todos se acham tímidos e apenas 4% deles se aventuram a fazer sexo real com o parceiro de embalo cibernético.

O que fica depois de cada experiência? Uma sensação de vazio. E também uma penca de complicações em família. São muitos os casamentos desfeitos ou abalados porque um dos cônjuges viciou-se em sexo virtual e já há registros de casos extremos, como o de um paciente do psiquiatra Dartiu Xavier da Silveira, em São Paulo. Webaholic pesado, o sujeito, segundo Dartiu, só decidiu se livrar do problema depois que a mulher, sentindo-se desprezada, tentou o suicídio, cortando o corpo com uma lâmina de barbear. Aparentemente, foi a única maneira que ela encontrou de chamar a atenção do marido dependente. No Rio de Janeiro, a secretária Tereza Cristina Barcellos, uma senhora de 50 anos, com dois filhos e dois casamentos desmoronados, por pouco não detonou a carreira ao apaixonar-se por um rapaz de 25 anos com quem se encontrava apenas na Internet. Teresa passava até 8 horas por noite em papos e procedimentos de sexo virtual com o amado e, no dia seguinte, não conseguia ser produtiva no trabalho. Largou o xamego digital quando a conta telefônica bateu nos 400 reais, ainda a tempo de salvar o emprego.
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PARA SABER MAIS
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Sexo, Afeto e Era Tecnológica (Sérgio Dayrell Porto, organizador, Editora UnB, Brasília, 1999)
Na Malha da Rede - Os Impactos Íntimos da Internet (Ana Maria Nicolaci-da-Costa, Editora Campus, São Paulo, 1997)
Caught in the NET (Kimberly Young, John Wiley & Sons, Estados Unidos, 1996)
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NA INTERNET
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Pesquisa de Kimberly Young - http://www.netaddiction.com/articles/articles.htm
Estudos de John Suler - http://www.rider.edu/users/suler/psycyber/psycyber.html

WGT-32
12-05-2005, 20:20:05
realmente apos ler tudo isso gostei....

Sizemore
12-05-2005, 20:52:10
Sabia que já te conhecia de algum lugar...
Bom tópico,se alguém aqui ler,talvez se identifique.Acho que vale muito a pena alguns aqui lerem ele.Inclusive eu mesmo á ums tempos atrás.
Alías,foi em uma resposta a ele que eu me basei na assinatura.

"A revolução informática é um fato indiscutível. Como indiscutível é também a série de enormes vantagens e benefícios que tem trazido para o quotidiano do homem: nos lares, nos escritórios, nas escolas, nas repartições públicas... Tudo ficou bem mais fácil.

Mas, por outro lado, é indiscutível também que a nova tecnologia está afetando toda uma geração - a geração virtual - criando novos hábitos, novas tendências, novas formas de relacionamentos.

O homem virtual, ao mesmo tempo que experimenta avanços incríveis no terreno do conhecimento de dados e da informação, está experimentando um progressivo desligamento da realidade real, a tal ponto que certos conceitos básicos não lhe dizem mais nada.

Veja-se, por exemplo, a noção de esforço. Como poderá alguém, criado num mundo virtual, ter se quer a mais mínima noção do esforço que é necessário despender para se conseguir qualquer coisa? Qual é a experiência real em que poderá basear-se para saber que nem tudo na vida - aliás, quase nada na vida real - se passa na velocidade de um processador de última geração?

É evidente que estar ligado na Internet no próprio quarto é algo extremamente vantajoso. Mas, não será o caso de se avaliar cuidadosamente os efeitos que essas vantagens estão trazendo sobre a educação da personalidade dos jovens? Toda revolução - desde a época dos gregos até a revolução francesa - tem vantagens e desvantagens. E assim como seria ridículo negar qualquer valor a uma mudança necessária pelo fato de trazer alguns inconvenientes, também seria próprio de cegos "voluntários" não querer ver as desvantagens que toda mudança provoca, não apenas nas vidas e nos comportamentos pessoais, mas também na sociedade como um todo.

O homem virtual esconde a sua verdadeira personalidade nas malhas da rede. É como se uma autêntica couraça, mais dura do que as antigas malhas dos cavalheiros medievais, o estivesse protegendo continuamente daquilo que mais tem medo: o relacionamento pessoal. Todo relacionamento humano, pessoal, afetivo, com alegrias e discussões, com acertos e desentendimentos é uma experiência única e necessária. O ser humano é de tal forma humano que nunca, definitivamente nunca, dias, semanas e meses de Internet poderão substituir quinze minutos apenas de um bom papo num botequim qualquer de uma esquina qualquer, descansando os olhos numas árvores de verdade e protegendo-se, sem muito cuidado, de uns raios de sol de verdade.

É um fato que todo relacionamento pessoal, afetivo, humano, dói. Assim como também nos faz amadurecer, aperfeiçoar-nos; ensina-nos a amar os outros, a tornar-nos mais compreensivos, mais solidários... ou seja, mais humanos entre os homens. Porém, o homem virtual nunca experimentou quanto tempo é necessário para criar um verdadeiro relacionamento: quantas horas passadas juntos, quantos minutos pensando nos problemas dos outros, quantas noites de sono mal dormido, quantos encontros e desencontros... Tudo isso faz sofrer, mas, porque sofremos é que podemos ter certeza de que amamos alguém. Se não amássemos, não sofreríamos com as vicissitudes da vida alheia. O homem virtual não tem tempo para amar. Pior, o homem virtual tem medo de sofrer e, por isso, não encontra tempo para amar. E, por isso, renuncia a todo e qualquer contato humano: prefere um bicho virtual, um amigo virtual, um relacionamento virtual, uma vida virtual.

Estamos talvez chegando ao fim de um processo de destruição do homem que começara com Nietzsche e se acelerara com Sartre. De fato, como Sartre predisse, para o homem moderno "o inferno são os outros". E se, de fato, é assim que a vida é, então é preferível viver outra vida, onde ninguém, absolutamente ninguém possa relacionar-se conosco - e, portanto, infernizar-nos a vida - a não ser que lhe entreguemos a nossa senha e - isto é o mais importante - possamos desligá-lo da tela na hora em que mais nos convier.

Um jurista italiano, presidente do Juizado de Menores de Milão, escreveu certa vez que "o esforço (a paciência como sofrimento) está ao serviço do objeto que se constrói - um negócio ou um casamento - através de um lento processo de criação, administração, controle dos problemas e dos impulsos individuais dos que estão envolvidos na realidade de que se trate". Talvez por isso é que resulta tão difícil para o homem virtual criar algo de sólido, enfrentar as dificuldades, controlar os desânimos..., numa palavra, enfrentar com caráter e inteireza de homem a própria realidade da vida. Talvez por isso a realidade virtual esteja criando outro tipo de homem, não já de carne e osso, cabeça e coração, mas um homem feito de "bites" e de redes, de ícones e "mouses", um homem verdadeiramente virtual.
"

-=HeLL_KiNG=-
12-05-2005, 23:38:10
interessante....

antigamente eu me enquadraria com certeza nessa dependencia, hj em dia apesar d ainda usar muito o pc, nao sou tao dependente, desde q tenha ele do meu lado ueeeehuehue :p

tipo, quando nao to jogando ou navegando etc... deixo baixando porcarias e vou ver tv, jogar xbox ou ps2 etc...


MAS ainda assim tenho q ter o pc aqui funfando pq a net é extremamente mutavel, acho q é isso q me facina e vicia hehe, fora as multi-funcionalidades do hardware em si






































mentira: sou downloadcolatra msm :(

WGT-32
13-05-2005, 14:31:18
por favor king, use o termo leecher ;) :)