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View Full Version : Geórgia do Sul - lar de milhões de pingüins, aves, focas, leões e elefantes marinhos



San Andreas
24-04-2012, 23:12:09
Um iceberg pontilhado de pinguins passa em gélida imponência ao largo da Geórgia do Sul. Esse remoto posto avançado britânico no extremo sul do oceano Atlântico é refúgio para milhões de aves marinhas e focas.


A ilha da Geórgia do Sul ergue-se íngreme e desolada acima da superfície do mar, um arco com 160 quilômetros de escuros picos antárticos e campos de gelo. Do convés de um navio a ilha surge como uma aparição assombrosa, como se o Himalaia tivesse se soerguido após o Dilúvio. Para um posto avançado no polo Sul tão sólido e agreste, metade recoberto por neve e gelo permanentes e a outra metade por rochas nuas e vegetação similar à da tundra, a Geórgia do Sul é curiosamente quimérica. Seus significados são contraditórios e esquivos. Seus estados anímicos são instáveis: ensolarada por um instante, sombria e gélida em seguida e voltando a brilhar com o sol. A ilha parece marcada por um destino inusitado, ao mesmo tempo propício e maldito. Poucos locais do planeta contêm tanta ambiguidade e tanto paradoxo.

Para o visitante, o primeiro paradoxo depende da latitude de seu porto de origem. No caso dos viajantes que vêm do norte, a ilha parece agreste e gelada. Mas aqueles que chegam pelo sul, vindos da península Antártica, topam com uma ilha recoberta por uma vegetação quase tropical. (Na Antártica, há apenas duas espécies endêmicas de plantas vascularizadas; na Geórgia do Sul, são 26 as espécies nativas.) Aos olhos do explorador Ernest Shackleton - cujo navio Endurance foi esmagado pelas banquisas há quase um século -, que manteve o ânimo de sua tripulação durante os 16 meses em que ficaram presos em blocos de gelo, e que afinal conseguiu escapar com cinco companheiros em um bote, atravessando 1,3 mil quilômetros de mares encrespados até chegar às armações de baleeiros na Geórgia do Sul, essa ilha nevada era um verdadeiro paraíso.

Em fevereiro, o fotógrafo Paul Nicklen e eu refizemos o trajeto de Shackleton. Partimos da península Antártica e navegamos, tal como fez o explorador, até as ilhas Shetland do Sul, de onde ele partiu em sua insana jornada até a Geórgia do Sul. O bote usado por ele e seus companheiros tinha meros 6 metros de comprimento.

Já o navio de cruzeiro no qual Nicklen e eu pega-mos carona, o National Geographic Explorer, tem 112 metros de comprimento e desloca 6 mil toneladas. Enquanto a frágil embarcação de Shackleton teve de enfrentar um furacão e uma sequência de fortes ventanias, nosso grande navio realizou a travessia em ótimas condições. Eu já estava começando a me sentir defraudado da genuína experiência antártica quando, ao avistarmos no horizonte a Geórgia do Sul, ela nos recebeu com ventos de 180 quilômetros por hora, típicos de um furacão.

O segundo paradoxo da ilha é a instabilidade de seu clima. No oceano Meridional, como alguns chamam os mares que circundam a Antártica, são registrados, em média, os ventos mais fortes do planeta. Há poucos obstáculos para enfraquecê-los, pois as latitudes meridionais circundam o globo quase sem serem interrompidas por massas terrestres. As áreas de baixa pressão ficam assim livres para seguirem uma atrás da outra rumo ao leste em torno do polo, como um cão uivante perseguindo a própria cauda.

Por vezes, pode-se entrar de barco em uma baía sob um sol brilhante e com o ar incrivelmente limpo pelo incessante vento circumpolar. A vista parece se estender para sempre; a nitidez é infinita. Geleiras lançam uma profusão de regatos pelos paredões rochosos, riachos gélidos tão brilhantes que chegam a ferir os olhos.

Mas aí, poucos momentos depois, do nada, entra uma nova frente fria. O Sol vira uma débil mancha enevoada, através da qual lufadas de flocos de neve giram e rodopiam, com padrões mais escuros se destacando no fundo mais claro. Parece até que a Geórgia do Sul sofre da versão meteorológica de uma desordem bipolar.

O terceiro paradoxo é histórico. Em uma baía após a outra, o plano de fundo é sempre intacto - os picos, as neves e as geleiras intocadas que constituem a espinha dorsal da ilha -, ao passo que o primeiro plano é maculado por restos de armações de baleeiros, uma ruína após a outra se desfazendo em ferrugem próximo a praias de cascalho retomadas por pinguins e focas. A Geórgia do Sul é uma área de natureza virgem que perdeu sua virgindade e está se tornando virgem de novo. Nesse aspecto, o paradoxo é quase milagroso: a ilha, epicentro de um dos piores massacres de mamíferos da história, agora fervilha com multidões de seres vivos, na mesma escala que o planeta conhecia antes da invenção da lança, do arco e da flecha e das armas de fogo.

O capitão James Cook, depois de explorar a Geórgia do Sul em 1775, descreveu o lugar como uma "ilha de gelo" com rara abundância de focas. Foi um erro fatal. Pouco mais de uma década depois, ali aportaram os primeiros barcos de caçadores. Na temporada de caça de 1800-1801, um único barco, o Aspasia de Nova York - apenas um dentre as 18 embarcações americanas e britânicas que na época frequentavam a ilha -, voltou para casa com um carregamento de 57 mil peles. Os espécimes de leão-marinho seriam caçados quase até a beira da extinção. As populações de elefante-marinho também seriam muito reduzidas, em função da enorme demanda pelo óleo produzido com sua gordura.

Em seguida vieram os baleeiros. Primeiro investiram contra as espécies de baleia mais lentas, como as francas, as jubartes e os cachalotes. Depois, no início do século 20, com a difusão de rápidos barcos a vapor dotados de arpões explosivos, eles construíram as armações nas praias da Geórgia do Sul e voltaram sua atenção para as espécies mais velozes e com barbatanas, como a baleia-comum e a azul. O maior espécime de que se tem notícia, uma fêmea de baleia-azul medindo mais de 33 metros, foi morto e processado na armação de Grytviken em 1912.

A década de 1920 foi marcada pela introdução dos navios-fábricas baleeiros, capazes de capturar e processar os animais em alto-mar. Grytviken e todas as outras armações na Geórgia do Sul foram aos poucos se tornando obsoletas. Para mim, essas instalações fantasmagóricas, com suas enferrujadas plataformas onde se extraía a gordura das baleias, além de caldeiras, chaminés e tanques de armazenamento, são de uma tristeza comovente. Um ano antes, em outra missão para a revista, eu havia passado um mês na região tropical do Pacífico acompanhando a maior população remanescente de baleias-azuis (veja na edição de março de 2009). Eu havia entendido, em termos intelectuais, o significado da matança das azuis - o fato de que, em apenas quatro décadas, quase levamos à extinção a maior criatura que já existiu no planeta -, mas agora tive uma compreensão visceral dessa enormidade. Ali estavam os indícios inequívocos no ferro oxidado que ressoava sob os nós dos meus dedos. As baleias-azuis haviam desaparecido nesses gigantescos tanques dispostos em fileiras como em qualquer outra refinaria.

Porém, tal como o sol dissipa a geada na Geórgia do Sul, o mesmo ocorre com a tristeza pelo destino das baleias-azuis, que é logo dissipada pela realidade atual. São as armações de baleias que hoje se extinguiram. São os caçadores de focas que ficaram no passado. A maioria das espécies que tanto sofreram nas mãos deles está se recuperando - com a exceção da baleia-azul -, e hoje esses decrépitos locais de morticínio foram recuperados para a vida.

Um muro branco com 1 metro de altura - os peitos alinhados de uma falange de pinguins-reis - recebe o bote ou barco inflável que se aproxima da praia na baía St. Andrews. Antes o muro branco ali, com 20 metros de altura, era de outro tipo: o da geleira Cook. Mas, nos últimos 30 anos, todas as três geleiras da St. Andrews encolheram, e os pinguins se instalaram na área liberada. Basta caminhar até a praia para a vista se descortinar: 150 mil casais formam a maior colônia de pinguins-reis na Geórgia do Sul.

No meio da profusão de pinguins viam-se centenas de leões-marinhos, dormindo, lutando ou brincando. Há muito eles firmaram uma trégua com os pinguins, ainda que não com os seres humanos, e os filhotes adoram fazer investidas falsas contra as pessoas. Tais ataques são puro teatro. Basta bater palmas e gritar "Pare!" que o filhote perde a coragem e se afasta encabulado. As fêmeas de elefantes-marinhos - chegam a ser cerca de 6 mil em outubro, no auge da temporada de nascimentos - contribuem ainda mais para a superlotação da baía St. Andrews.

As populações dos elefantes e leões-marinhos passaram por espetacular recuperação. No início do século 20, após 100 anos de morticínio, restava apenas um grupo residual de leões-marinhos na Geórgia do Sul. Hoje são alguns milhões, e a maioria se reproduz na ilha. Do mesmo modo, centenas de milhares de elefantes-marinhos aportam ali para parir seus filhotes.

Em 1925, apenas 1,1 mil pinguins-reis foram contados na baía St. Andrews; desde então a colônia aumentou 300 vezes. Normalmente, um agrupamento de mais de 300 mil pinguins teria feito um escarcéu ensurdecedor de discussões, protestos e acusações, mas, na hora de minha visita, as aves que nidificavam se mostraram lacônicas. Não houve alarido na baía St. Andrews.

No solo da colônia, contudo, lufadas de vento lançavam penas rodopiantes em direção ao mar. De algum modo essas tempestades de penas, mais até que as legiões de aves que as produziram, são um eloquente testemunho da exuberância de vida na Geórgia do Sul. Ao contemplar aquilo, fiquei tão emocionado que quase chorei. Fui criado em uma família em que o ambientalismo era uma religião; ali, naquela colônia de pinguins, do ponto de vista de alguém com as minhas crenças, a vida é exatamente como devia ser, em toda sua magnífica profusão.

Esse tipo de epifania pode ser experimentado em quase todas as baías e angras da Geórgia do Sul. Por vezes as multidões de animais são horizontais, como na planície Salisbury, um terreno baixo criado pelo derretimento glaciário e densamente colonizado por pinguins-reis, elefantes e leões-marinhos e gaivotões. Em outros ajuntamentos têm aspectos mais verticais, como em Elsehul, onde as praias e as encostas mais baixas estão repletas de pinguins, leões-marinhos, mergulhões e pombas-antárticas, ao passo que os íngremes promontórios com vegetação rasteira no topo abrigam colônias de albatrozes das mais diversas espécies - cabeça-cinza, de-sobrancelha, gigantes, de-dorso-claro -, assim como gaivotas-rapineiras e trinta-réis-antárticos.

Toda essa abundância de formas de vida desfruta de um segredo: a Geórgia do Sul é uma ilha relativamente temperada que fica no caminho de uma população de krill transportada pelas correntes marítimas desde a península Antártica - um rio vivo de pequenos crustáceos.

O krill alimenta leões-marinhos e baleias desde antes da chegada dos exploradores, e hoje torna possível a ressurreição dos leões-marinhos e a recuperação de várias espécies de baleia.

Periodicamente, uma ou duas vezes por década, o krill aparentemente se torna menos abundante. Em 2004 havia pouco krill na Geórgia do Sul, e 2009 foi bem pior. Uma tendência muitas vezes se confunde com o início de um ciclo, e há indícios de que esses anos de escassez de krill talvez sejam uma antevisão de uma nova Geórgia do Sul. Um relatório de 2004 assinado por Angus Atkinson, do grupo British Antarctic Survey, apresentou indícios de um declínio na quantidade de krill durante um período de 30 anos em uma ampla área que abrange mais de metade dos estoques de krill no oceano Meridional.

Durante o inverno, o krill, sobretudo suas larvas, depende do gelo flutuante no mar e, nas últimas décadas, essa camada de água do mar congelada vem diminuindo em algumas regiões da Antártica (embora, de maneira geral, tenha aumentado um pouco). No começo deste ano, uma equipe de oceanógrafos relatou que a temperatura dos mares a oeste da península Antártica vem, nos últimos 50 anos, subindo com maior rapidez que a média mundial. O aquecimento é mais intenso junto à superfície e no inverno - uma péssima notícia para o gelo marinho.

Tampouco é uma boa notícia para as plataformas de gelo da Antártica - as geleiras que se estendem até o oceano. Grande parte da imensa plataforma de gelo Larsen desintegrou-se em 2002, e outra plataforma menor, a Wordie, simplesmente desapareceu em abril do ano passado. Se a lente de aumento do aquecimento global tem um ponto focal, provavelmente ele está nos mares a oeste da península Antártica, a nascente do rio de krill que banha a Geórgia do Sul.

No dia em que deixei a ilha, o navio ultrapassou um iceberg no crepúsculo. Foi talvez a coisa mais bonita que já vi. A brilhante muralha branca erguia-se acima de nós, íngreme e adorável como os últimos raios de sol. Há muito os icebergs são símbolo do grande continente branco - um microcosmo da Antártica. Em uma época na qual as imensas plataformas de gelo estão se desfazendo, aquele iceberg parecia ter um significado maior. Ele era o derradeiro paradoxo. Nessa nova era de mudanças climáticas, os icebergs são duplamente simbólicos, tanto da beleza intocada da região antártica como dos problemas que despontam no horizonte.

http://www.controversia.com.br/index.php?act=textos&id=4945





Nenhuma praia no mundo possui tantos animais quanto as praias da ilha Geórgia do Sul

http://en.wikipedia.org/wiki/South_Georgia_and_the_South_Sandwich_Islands


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MMA da vida selvagem: Chegando a pesar 4 toneladas, dois machos de elefante marinho brigam por disputa de território

O vencedor terá o direito de acasalar com 50 fêmeas

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Casal de elefantes marinho namorando

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Mãe e filho

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http://www.wildearth-travel.com/media/uploads/OW_Falks-South_Georgia-Ant.JPG

San Andreas
24-04-2012, 23:13:09
A Geórgia do Sul, um território ultramarino britânico, é lar de cerca de 30 milhões de aves. Pelo menos 31 espécies se reproduzem na ilha, entre elas albatrozes, petréis-gigantes-do-norte, cormorões de olhos azuis e metade de toda a população mundial de pinguins-macaroni. Outras 50 espécies são conhecidas por visitarem a ilha.



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HMS Portland Sails Near Huge Glacier in South Georgia

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San Andreas
24-04-2012, 23:14:34
12/10/2010


Fotógrafo flagra pinguim acertando 'tapa' em elefante-marinho

Cena foi registrada na ilha de Geórgia do Sul.

Mas ave precisou recuar quando o rival soltou um enorme urro.


I'm delighted to hear that this photograph of mine is appearing in the Times, the Sun & the Daily Mail today.

It captures the moment when a giant elephant seal met its match in a comparatively tiny king penguin.

The penguin, which I photographed in South Georgia, found a giant elephant seal blocking his path to the water and gave it an almighty slap with its flipper.

But he quickly realised his error as the beast, which is 300 times heavier than he is, let out a huge roar and forced him to waddle backwards.
Luckily this was as vicious as it got and the penguin slunk off to go the long way round to sea.


http://robertefuller.blogspot.com.br/2010/10/pick-fight-with-penguin.html


http://3.bp.blogspot.com/_nmt9ZqdFKOs/TLQvjxCl44I/AAAAAAAABu4/boqcPdQh7Ww/s1600/penguin+small.JPG