PARIS (Reuters) - O líder palestino Yasser Arafat morreu em um hospital da França nesta quinta-feira, aos 75 anos.
O anúncio da morte do presidente palestino, que simbolizou a luta de seu povo por um Estado independente, encerrou dias de confusão sobre seu estado de saúde, envolto em segredos.
A morte do homem que os Estados Unidos isolaram e classificaram como um "obstáculo para a paz" pode reavivar esperanças por diálogo, mas há temores de que uma batalha por sua sucessão leve caos aos territórios palestinos e provoque uma crise ainda maior na região.
Em cidades e campos de refugiados na Cisjordânia ocupada e na Faixa de Gaza, milhares de palestinos foram para as ruas, onde se ouviam choro e tiros.
"Nosso pai está morto", afirmou o construtor Fathi Abu Adnan na Cidade de Gaza. Homens armados realizavam disparos para o ar, enquanto jovens queimavam pneus nas ruas da cidade, criando uma nuvem de fumaça negra.
O presidente norte-americano, George W. Bush, rapidamente expressou suas condolências pela morte, mas também deu a entender que ela poderá abrir uma porta para um Estado palestino e a reconciliação com Israel.
"A morte de Yasser Arafat é um momento significativo na história palestina", disse Bush em um comunicado. "Esperamos que o futuro traga paz e a realização das aspirações para uma Palestina democrática e independente, em paz com seus vizinhos."
Israel isolou a Cisjordânia e a Faixa de Gaza do Estado judaico, temendo uma explosão de protestos violentos.
O grupo militante Hamas prometeu manter os ataques contra o "inimigo sionista".
Arafat morreu após sofrer uma hemorragia cerebral na terça-feira em um hospital de Paris, para onde foi levado em 29 de outubro. Os detalhes de sua doença permanecem misteriosos.
O corpo do líder será levado para o Cairo na sexta-feira para uma cerimônia e depois seguirá para a cidade de Ramallah, onde será enterrado.
A Autoridade Palestina declarou um período de luto de 40 dias na Cisjordânia e na Faixa de Gaza, onde alto-falantes de mesquitas anunciaram a morte do líder junto com versos do Alcorão.
(Com reportagem de Diala Saadeh, Mohammed Assadi em Ramallah, Nidal al-Mughrabi em Gaza; texto de Matt Spetalnick)