Japão e China dizem que teste norte-coreano é 'inaceitável'
Shinzo Abe, do Japão, foi recebido em Pequim pelo chinês Hu Jintao
O primeiro-ministro do Japão, Shinzo Abe, afirmou neste domingo que seu país e a China concordaram que o plano da Coréia do Norte de realizar testes nucleares é “inaceitável”.
O premiê japonês, eleito no mês passado, fez neste final de semana sua primeira viagem à China, a primeira de um chefe de governo do Japão a Pequim em cinco anos.
“Japão e China têm a mesma visão de que o teste nuclear da Coréia do Norte é inaceitável”, afirmou Abe a repórteres.
“Isso é um recado forte para a Coréia do Norte.”
Ele também disse que Pyongyang deve retornar incondicionalmente para as negociações sobre seu programa nuclear.
Virada
Para os chineses, a visita de Abe é um ponto de virada nas tensas relações entre China e Japão.
Na cúpula na capital chinesa, os dois lados afirmaram que esperam superar as tensões que impedem progressos nas disputas comerciais, territoriais e energéticas.
As autoridades da China aceitaram um convite para viajar ao Japão.
O presidente da China, Hu Jintao, declarou que a visita é um passo “positivo”, enquanto o primeiro-ministro chinês, Wen Jiabao, prometeu relações amigáveis e cooperativas.
Para correspondentes internacionais, o fato de Shinzo Abe ter colocado fim à tradição japonesa de fazer para Washington a primeira viagem internacional após a eleição mostra a importância que Tóquio dá para as relações com a China.
A China e a Coréia do Sul haviam se recusado a receber o antecessor de Abe, Junichiro Koizumi, devido às suas visitas ao polêmico templo japonês de Yasukuni, que honra alguns generais considerados criminosos na Segunda Guerra.
A última cúpula de Koizumi na China aconteceu em outubro de 2001. Shinzo Abe, no entanto, teve um cerimonial completo em Pequim neste final de semana.
Diferenças
Relações sino-japonesas renovadas são vistas como fundamentais para impedir que a Coréia do Norte realize testes nucleares. O Japão já avisou que pretende exigir ações duras das Nações Unidas, caso os norte-coreanos realizem os testes.
Abe segue para Seul na segunda-feira, para conversar com o presidente da Coréia do Sul, Roh Moo-hyun.
Desde sua recente vitória eleitoral, o premiê ainda não deixou claro se vai visitar o templo de Yasukumi. Sua chegada ao poder trouxe esperança de uma reaproximação entre o Japão e os países asiáticos.
Porém, para a analista sobre assuntos do Leste Asiático da BBC, Clare Harkey, a eleição de Abe não significa o fim das diferenças entre Japão e China. Os dois países ainda disputam a hegemonia na região.
Apesar de ambos terem no outro o maior parceiro comercial, os países discordam sobre diversos assuntos, entre eles a reforma do Conselho de Segurança e o acesso a recursos como óleo e gás.
O Japão tem se preocupado com a modernização militar chinesa, enquanto a China vê problemas na aproximação militar cada vez maior entre os japoneses e os americanos.
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