Os países em desenvolvimento enfrentarão neste ano um déficit de financiamento de US$ 270 bilhões a US$ 700 bilhões, avalia o Banco Mundial em um estudo publicado neste domingo, advertindo que as instituições internacionais não poderão financiar esta falta de crédito.
"Os países em desenvolvimento enfrentam um déficit de financiamento de US$ 270 a US$ 700 bilhões devido ao fato de que os investidores privados fugiram dos mercados emergentes e só um quarto dos países mais vulneráveis dispõem de recursos para impedir um aumento da pobreza", escreve o Banco Mundial em um comunicado que acompanha a publicação do estudo.
Segundo destaca a instituição, 98 de 129 países em desenvolvimento não serão capazes de atrair investimento privado suficiente para cobrir suas necessidades financeiras. NO documento, US$ 270 bilhões seria o valor de captações que não seriam realizadas. Os US$ 700 bilhões seriam atingidos caso a fuga de capitais se acelere ou esses países tenham dificuldade para refinanciar suas dívidas.
O documento, preparatório da reunião de ministros da Economia e presidentes de bancos centrais do G20 (grupo de 20 países ricos e em desenvolvimento), previsto para Londres em 13 e 14 de março, diz que "as instituições financeiras não podem cobrir sozinhas este déficit [que inclui a dívida] para 129 países".
O comunicado do Bird indica que seu presidente, Robert Zoellick, pede que se "reaja a tempo real contra uma crise que se intensifica e que afeta a população dos países em desenvolvimento".
Por fim, o Banco Mundial estima, além da retração da economia global, que o comércio internacional deve registrar a maior queda em 80 anos. "A crise precisa de uma solução global e prevenir uma catástrofe econômica nos países em desenvolvimento é importante para a sua superação', diz Robert Zoellick.
Em fevereiro passado, Zoellick anunciou a criação de um fundo para os países mais vulneráveis destinado a incentivar os países ricos a ajudar os mais pobres.
Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/folha/d...1u531267.shtml
Brasil se junta a países com forte desaceleração, prevê organização internacional
O agravamento da crise econômica afetará de forma mais intensa que a prevista a economia do Brasil e outros emergentes. A avaliação é da OCDE (Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico), grupo integrado pelas 30 nações mais industrializadas do mundo, mas que também faz previsões para outras economias importantes do planeta.
Segundo relatório da entidade divulgado nesta sexta-feira, o Brasil passou a integrar, com os demais Brics (grupo formado por Brasil, Rússia, Índia e China), o conjunto dos países que terão uma "forte desaceleração" em suas economias.
"O cenário continuou a se deteriorar entre as principais economias não-integrantes da OCDE, principalmente no Brasil, que agora se junta à Rússia, à Índia e à China no grupo dos que sofreram uma forte desaceleração", diz a organização. Até o levantamento anterior, o Brasil era o único país do Bric com perspectiva classificada como de "desaceleração" em vez de "forte desaceleração".
De acordo com o órgão, o maior pessimismo com a economia mundial, no geral, ocorreu justamente por conta da piora observada nas economias emergentes.
O índice do Brasil ficou em 94,5 pontos, contra 104,6 em janeiro de 2008. A Índia teve uma queda menor em relação a janeiro de 2008, de 9,6 pontos, mas ficou com um índice inferior ao do Brasil, de 92,4 pontos. A queda no índice da Rússia (está em 85,9 pontos) foi a maior, de 19,4 pontos, em relação a janeiro de 2008. A China, por sua vez, ficou com 87,4 pontos, uma queda de 14,8 contra janeiro do ano passado.
A metodologia para os cálculos das estimativas da OCDE inclui a análise de mais de cem indicadores e índices econômicos oficiais, entre eles produção industrial, mercado consumidor, taxa de emprego/desemprego, inflação, tendência da demanda do setor produtivo.
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